quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O meu carnaval

Como o carnaval já está aí, vou pegar carona nesse bloco. Mesmo não tendo fantasia ou abadá. Não tenho a pretensão de demonstrar conhecimento sobre o assunto, visto que o pouquíssimo que aprendi foi apenas teoria sobre as origens da folia, com mestres que eram meus consultores quando eu redigia para um site da editora Rio Samba & Carnaval. Falo do pesquisador Hiram Araújo, do falecido e meu querido ex-professor de faculdade, Roberto Moura, e dos carnavalescos Joãozinho Trinta e Renato Laje, bambas com os quais pude aprender um tiquinho. Na verdade, estou aqui para falar do clima, do astral. Daquilo que sente qualquer brasileiro ou estrangeiro em visita ao país nessa época abençoada. Não precisa ser culto, não precisa ter dinheiro. Todo mundo se diverte. E entra numa de sambar, pular, brincar e amar como se não houvesse amanhã. E é aí que está o ponto onde quero chegar.

Não quero dissertar sobre promiscuidade, sobre cultivarmos a pegação geral, a festa da carne. Quero falar dessa mania carnavalesca de cultivar a alegria acima de tudo. De esquecer a pobreza e contorná-la com criatividade. De debochar da corrupção por uns tempos. Relevar tudo “porque hoje é carnaval”. Quando pobres se misturam a ricos. Belas branquelas embolam os pés com mulatas frondosas. Celebridades fúteis são obrigadas a dividirem a atenção com pessoas realmente célebres do samba. Ignorantes permitem que os intelectuais esnobes se infiltrem em sua ala. Bibas, travecos, transformistas e sapatas provocam alegria com suas fantasias, ao invés dos tantos narizes tortos que receberam durante o resto do ano. São tantas as confraternizações! Por que é preciso ser carnaval para que isso tudo aconteça?

Talvez porque as pessoas estejam muito preocupadas em competir. Mostrar que são melhores do que os outros em alguma coisa. Porque as pessoas sentem necessidade de se agrupar em turminhas de iguais, para não se sentirem ameaçadas. Não sei. Não consigo entender muitos preconceitos. Só queria usar este espaço para mandar um recado para alguns amigos que idolatram o carnaval e fazem fama criticando seus diferentes. Como se eles não merecessem carinho, não fossem dignos de sua atenção. Como eles se divertem ridicularizando os outros só porque eles usam/gostam/ouvem/comem/compram outras roupas/músicas/comida/produtos! E agora aproveito para finalmente dizer minha grande motivação para escrever esse texto. Independente de meio social, ideologia política, raça, sexualidade e gostos culturais, o que faz de uma pessoa alguém que merece minha atenção é acima de tudo o seu caráter. Suas atitudes morais. Sua capacidade de se doar, de ouvir, de amar. O resto? Embrulha tudo e joga fora. Agora, com licença, que eu preciso desfrutar o meu carnaval. Descansando. Visitando pessoas muito queridas de quem a rotina e a distância infelizmente me afastam. Adoro sambar, dançar e pular, mas definitivamente não preciso esperar o carnaval para entrar nesse clima.

2 comentários:

Babi disse...

Mari,

vc me inspirou..dá uma olhada. bjs
http://tinokias.blogspot.com/2009/02/e-o-meu-carnaval.html

bjs,
Babi

Anônimo disse...

gostei da tua escrita, viu?