sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Domingo (artigo)

Hoje eu quero emburrecer. Não quero filme cabeça, não quero ler jornal. Quero no máximo rir com um best-seller, passar o tempo com uma HQ infantil. Aliás, um filme adolescente, daqueles idiotas que passam na Disney Channel, cai muito bem, obrigada. Comédia romântica daquelas que a gente já sabe o final, melhor ainda. Revista com assunto de mulherzinha, seriados americanos que desvendam assassinatos... Amo muito tudo isso em dias como hoje.

O que também não pode faltar é uma comida trash. Uma Pringles Páprica com H20, uma barra de chocolate, pão de queijo, pizza... Não preciso ser delicada e correta com meu estômago, só por hoje. Pensar nas calorias e nos pneuzinhos? Hoje não, pelo amor de Deus! Quero ficar descabelada, de camisola e, debaixo das cobertas, pegar o telefone e fofocar com as amigas. Falar mal da chefe, do governo, da sogra, do marido, do vizinho. Vou perder meus preciosos minutos de lazer tramando pequenas vinganças destinadas a cada ser humano que já me fez mal um dia. Quero meter o pau em todo mundo!

Sei que amanhã vou olhar pra trás, desistir de meus planos maquiavélicos e brigar comigo mesma, dizendo: “vingança não leva a nada, só traz energia ruim e nos iguala ao ser que nos fez mal. Perdoar sim é divino”. Também sei que vou concluir que perdi uma ótima oportunidade de ler um livro bom, ver um filme interessante, ler uma revista edificante, assistir a uma peça, ir a uma exposição. E tenho certeza de que vou sentir uma baita dor de estômago! “Por que comi tanta besteira ontem, meu Deus do céu?”

Quer saber? Não vou mais me sentir culpada. Afinal, se eu não conhecesse os males da comida trash, como saberia dar valor à alimentação natural? Se eu assistisse filmes cabeças todos os dias, não acabaria perdendo o encantamento pela genialidade deles? Se eu passeasse na rua todo fim de semana, como me surpreenderia com o movimento lá fora num dia de domingo?

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