sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Perguntas sem resposta - sobre comunicação online (crônica)

Ela fica esperando resposta. Sempre. Manda e-mails e olha compulsivamente pra caixa de entrada pra ver se alguém respondeu. E quando tecla no msn, fica parada e inativa, esperando o interlocutor teclar de volta. Isso quando ela não manda outra mensagem, ou uma simples interrogação, para reafirmar a pergunta que tinha acabado de despejar na janelinha piscante! Como se a pessoa do outro lado não fosse respondê-la. Ela não entende como a pessoa pode ficar online, sem estar disponível. Ainda não se acostumou com essa estranha noção de tempo que permeia as comunicações virtuais, seja via e-mail, msn, orkut ou comentários de posts.

Por exemplo: qual o tempo sensato para se responder um e-mail, de forma a não correr o risco de parecer que você não deu importância à pergunta do amigo? Como é que se explica que às vezes você quer distância do computador? Que é necessário ficar pelo menos uns três dias sem acessar nada? Por que você é obrigado a explicar que viajou, ou que estava com problemas no computador, ou que estava em um local sem internet, toda vez que responde com um atraso de mais de dois dias? Ela não entende essa obrigação implícita no inconsciente coletivo atual dos conectados. Essa mania de ficar online até nos finais de semana, disponível para mensagens e ligações de celulares de trabalho inclusive, ou para receber avisos e convites que poderiam muito bem chegar com um breve telefonema.

E quando ela relata novos fatos ou avança no papo, enviando mais de um e-mail para mesma pessoa? Como no caso daquelas mensagens coletivas em que se conversa, cada um respondendo se vai ou não no churrasco ou no reencontro, festa, reunião de trabalho. Quando um dos interlocutores resolve ligar para ela pra perguntar justamente sobre algum detalhe daquilo que ela explicou no último e-mail, ela fica perdidinha. E pergunta: você leu até que mensagem minha: a primeira, a segunda ou a já chegou na terceira? Porque, veja bem: se a obrigaram a se render ao esquema internético, ela não quer desperdiçar o tempo que lhe sobra offline reexplicando aquilo que já demorou tanto tempo para teclar via online, ora bolas!

E aquele amigo dela que só fica no status offline, mas nunca deixa de papear com ela via msn? Alooou! Pra quê existe um status offline? Se a pessoa tá off não deveria estar sequer logada, isso não é óbvio? Ela também não compreende porque as pessoas gastam tanta energia, deixando seus computadores ligados 24 horas, online 24 horas nos espaços comunicativos da web, se, na verdade, não estão o dia todo em frente à telinha. Quando a vida real lhe chama, ela desliga o computador. Ela odeia aquele barulho que o estabilizador faz quando está ligado.

Ela prefere o telefone, o chat (em português é papo) ao vivo. Mas já se rendeu, ao perceber que só conseguiria marcar estes encontros por meio do computador. E, agora, toda vez que liga pra alguém, acha que está entrando na privacidade da pessoa. Se telefona para a casa do sujeito então, para o aparelho fixo, já começa a ligação pedindo desculpas.

Perdão, gente, mas acho que tenho que pedir desculpas agora por fazer vocês ficarem tanto tempo em frente a telinha, lendo minhas reclamações. Para quem ainda não sacou, esse "ela" sou eu mesma. Desliga o computador, vai! E se quiser conversar comigo, por favor, me liga que eu tô offline.

Um comentário:

Eliza Câmara disse...

Ficar sem celular não dá. Entretanto, as vezes eu fico com vontade de sumir. Aí desligo e quem quiser falar comigo e se for importante consegue me achar. Caso contrário espera eu me antenar novamente. Internet somente durante a semana, final de semana é demais. Assim dá para equilibrar.