sexta-feira, 13 de junho de 2008

Sobre a prisão dos militares gays (artigo)

A prisão do sargento Laci Araújo e seu companheiro, Fernando Alcântara, é um belo (pra não dizer péssimo!) exemplo da homofobia do exército. Mas, nesse caso, não grita apenas a homofobia (aversão, preconceito, medo de homossexual). Berra em alto e bom som a hipocrisia.

Enquanto o sargento veadinho (se é que eles não o chamaram de nomes piores) exercia sua homossexualidade com discrição, ok, eles o "aturavam". Foi só o cara resolver falar de sua vida amorosa à imprensa (Revista Época) para o exército querer cortar as asinhas de seu dedicado funcionário e puni-lo com a prisão. E ainda fez o mesmo com o companheiro dele! Afinal, a transgressão sexual, desvio, sei lá como eles chamam, a diferença é aceita até em altos postos das "conceituadas" forças amadas se os transgressores não fizerem alarde de sua sexualidade. Agora, assumir em público que um militar é gay é manchar o filme da instituição, não é mesmo?

O marido do sargento Laci, Fernando Alcântara, afirmou que foi torturado pelos companheiros de trabalho. Se bobear, tinha aí no bolo de espancadores um ou mais homens que gostam de relações anais com outros homens. E mesmo que não tivesse, aproveito agora para dizer o que sempre pensei sobre a homofobia: será que esse ódio todo aos gays não são resultado de um medo danado de virar gay? Sei que existe violência banal, sem motivo, e a violência com diferentes, mas temo ainda mais a violência pela privação. Não se bate ou se mata só para roubar comida ou dinheiro. Pode se agredir pela privação de desejos reprimidos. Muitas vezes a agressão vem pela inveja e pelo medo. Inveja de não conseguir ser o que o outro é, como, por exemplo, ser assumidamente gay. A privação de ser gay. E medo da tentação. Medo de como o outro pode mudar o seu tão formatado mundinho se você resolver abrir as portas pra ele entrar, literalmente. Afinal, não dizem que os homens que experimentam o lado de lá gostam tanto que não voltam mais? Não digo que isso explica tudo, todos os casos, mas são coisas para se pensar, você não acha?

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