sexta-feira, 30 de abril de 2010

Carta

Você não sabe, mas eu te conheço muito bem. Esse teu medo de se apaixonar é um velho amigo meu. Esse desespero, que bate toda vez que o coração acelera por alguém, me é muito peculiar. Essa fome que te assalta e é logo sucedida pelo arrependimento... Depois vem o lamento... Eu já passei por esse tormento. Eu sei o quanto dói ficar fazendo planos pro futuro, enquanto não se tem certeza nem do presente momento. Eu sei o quanto custa passar o tempo, nessas horas em que a gente se engana, esperando uma resposta. Uma resposta que não virá. Eu sou muito íntima desse teu receio, dessa tua insegurança. Sei bem como é se sentir uma criança medrosa. Como é se olhar no espelho e só ver o reflexo do outro. Cair no choro por tão pouco. Ficar horas recordando aquele minuto específico. Sei bem o que é ser cínico, quando, na verdade, o desejo é de se entregar. E ficar depois se martirizando pensando como teria sido se você não tivesse sido tão imbecil. Eu conheço todos os seus ardis, por isso não os use comigo. Eu te entendo perfeitamente. Mas isso não quer dizer que eu vá ser seu amigo. Ah...mas não vou mesmo!

Nenhum comentário: