sexta-feira, 15 de maio de 2009

A noite

A noite é de pessoas instantâneas,
insanas.
Observar alguma coisa?
Só se forem os peitos,
perfeitos,
as curvas, saliências, quadris.
Ganha quem tiver mais ardis
e decotes.
Ir muito vestida
é a morte.
Os cabelos?
De preferência lisos
e compridos.
Na boca, o riso,
no olhar, libido.
Não se pode perder tempo,
vai se direto ao ponto.
Quer dizer, ao beijo.
Realizemos o desejo.
Onde foi parar o papo?
O jeito?
A curiosidade do toque?
Mistura tudo e vira rock, pop.
A noite é pra pegar,
zoar, ficar.
Dançar é só o esquenta.
Toda semana isso.
Cada dia com uma diferente.
Como é que você aguenta?
Andemos, seguindo em frente.
Amanhã é dia de trabalho.
Caralho!
Tenho que acordar cedo
e a conquista da night vai virar segredo,
passado.
E, se bobear,
no próximo dia,
você esbarra com aquela vadia,
na rua.
Mas então ela estará metida num tailleur,
terninho,
numa roupa de respeito.
Aí não tem mais graça, não é mesmo?
Cadê o colo nu, o decote no peito?
Será que você irá reconhecê-la?
Quando é que essa vida acaba?
Quando é que a música pára?
Alguém pode acender a luz, por favor?

5 comentários:

NO BUTECO disse...

Heheheh muito bom!
É exatamente isso e pode deixar que eu faço a versão inversa da coisa que não anda tão diferente assim ;-)
Bjs

Leo Lagden disse...

A noite tem o dom de transformar as pessoas.
A escuridão, a lua, o clima...propício para as aventuras.
Adorei o poema!

Giovani Iemini disse...

boa poesia, ritmada.
a gente acaba sempre reclamando do que tem. a vida tediosa de casado tb é chata e rotineira. e agora?

Babi disse...

Adorei! Parabéns!
Bjs,
Babi

Wellington Campos disse...

Olá. Cheguei aqui pelo Blog do Argônio.

Gostei muito da poesia. Parabéns pelo talento e por mostrar aos leitores o que a noite pode nos proporcionar.

Um abraço.